u.s.w.

agosto 30, 2008

Entrevista com Maddog – parte 3

Filed under: geek, linux, web — Tags:, — epona @ 12:21 am

Terceira e última parte da entrevista com Maddog!
Clique aqui para ver a primeira parte!!
Clique aqui para ver a segunda parte!!

Kauê Linden: No Brasil, estima-se que 98% dos computadores desktop rodam Windows, mas muitas deles são piratas, cópias pirateadas. O que você pensa sobre isso? Maddog: Programas piratas são ruins por diversas razões. Em primeiro lugar, dá a entender que não há problema algum em roubar programas, cai na normalidade. Acredito veementemente que, se uma pessoa escreve um programa ou se cria uma música ou pinta um quadro, ela tem o direito de determinar o que acontece com este programa, música ou obra de arte. Tradicionalmente, isto é chamado de direito autoral. Programas piratas prejudicam o mercado de software. Eu acredito que a venda de programa como serviço é o caminho que devemos tomar. Nós deveríamos ter o direito de fazer mudanças no programa. As coisas mudaram desde 1977, 1980. Existem muito, muito mais pessoas usando computadores. Muito mais pessoas capazes de escrever programas. Existem muito mais pessoas com necessidades diferentes que precisam ser atendidas, e elas não são atendidas por empresas grandes que têm recursos limitados para produzir software. Mesmo a Microsoft é limitada em seus recursos. Eles não podem atender os desejos de cada consumidor. E, mesmo se pudessem, isto não seria lucrativo. Então eles sequer levam isto em consideração. A lição que o copyright nos dá é que a pirataria de programas é ruim. O que nós deveríamos estar fazendo é dando valor ao copyright, dizendo que o dono do programa tem direito de fazer o que quiser com ele, mas ao mesmo tempo incentivando-o a liberá-lo sobre uma licença livre de forma com que ele possa ser distribuído. Isso ajudaria a todos.
KL: Para pequenas e médias empresas, qual é a vantagem de usar código aberto? Maddog: Flexibilidade. Quando se é uma pequena empresa, é bem difícil ter atenção de uma empresa grande como a Microsoft, a Oracle, de qualquer gigante de software. Eles têm milhões de clientes e, mesmo que você tenha um pedido que é muito importante para seu negócio, não será de grande importância para eles devido ao seu pequeno porte. Com software livre e aberto, você pode tomar uma decisão – a sua decisão: se deseja contratar alguém para adaptar o software às suas necessidades ou para consertar um bug que te impede de avançar. Você poderá repassar esta correção à comunidade e nunca mais verá este bug novamente. Isto é uma vantagem. Outra vantagem é poder expandir o software por seus próprios meios para fazer com que ele tenha funcionalidades que não tem no momento. Por exemplo, o povo que fala swahili (50 milhões de falantes na África) nunca pôde usar um editor de texto em sua própria língua. Então eles entraram em contato com os programadores do OpenOffice e contrataram um programador para fazer o trabalho. Ele estudou o software, trabalhou no suporte ao swahili e agora o OpenOffice suporta não só uma versão do swahili, mas todos os quatro dialetos. Este é um exemplo de como um grupo de pessoas, uma empresa ou um pequeno grupo pode influenciar um software no universo de código livre. Em produtos de grandes empresas como a Oracle ou a Microsoft, isto seria impraticável.
Kauê Linden: Você acha que a Microsoft está em risco por causa do Linux? Maddog:
Eu acho que a Microsoft está em risco por ter construído seu modelo de negócios em cima da visão do software como um produto. Dessa forma, eles dependem de parceiros para dar suporte como serviço. Se eles trocarem de modelo para vender software como serviço, basicamente colocarão em risco o negócio dos seus parceiros, passarão por cima dos negócios que os parceiros têm. Então a Microsoft está tentando manter os rendimentos vendendo produtos e, ao mesmo tempo, tentam converter a organização para o modelo de serviços sem passar por cima dos parceiros – o que é uma tarefa bem complicada.
KL: Você tem viajado ao Brasil e deu palestras em muitos eventos. O que você pensa da posição brasileira em relação ao software livre? Acha que estamos fazendo bem nosso trabalho? Maddog:
Eu já disse isso publicamente em muitos lugares fora do Brasil: eu acho que o Brasil é uma estrela brilhante no software livre. A comunidade, a indústria e o governo trabalham junto com alguma freqüência para resolver problemas. A comunidade, os empresários e o governo trabalham junto para patrocinar conferências de software livre, o que considero muito importante. Eu acredito que o governo está encorajando empresas a pensar diferentes formas de vender software, vender serviços. Desta forma, os empresários podem fazer a transição de um modelo de software proprietário, de código fechado, para um software livre, de código aberto. E eu reforço essa questão do software livre, porque na verdade conheço muitas empresas que fizeram mais dinheiro com software livre do que faziam com software proprietário “de caixinha”.

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